segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

E vem aí Sete Patinhos na lagoa...

Sete patinhos na lagoa, livro infantil, escrito em prosa poética, narra a luta entre os patinhos e o terrível jacaré Barnabé. Nele, dialogo com a tradição, com as origens orais da literatura infantil, retomando a estrutura das narrativas de acúmulo, em que as situações se repetem acrescentando alguns elementos diferentes. A ideia também foi buscar uma relação intertextual com a mitologia grega. O resultado me agradou. E o livro ganhou as belas ilustrações de Laurent Cardon. A editora é a Gaivota. Abaixo link para o blog da editora. Lá há apresentação do livro e algumas ilustrações. Acesse:

http://blogbirutagaivota.wordpress.com/2013/01/28/sete-patinhos-saem-do-forno/

domingo, 27 de janeiro de 2013

A sombra e as dores

Há sempre uma sombra a sussurrar convites nos ouvidos de nossos filhos. Sempre.
Na maioria das vezes, ela faz convites para a vida: um passeio com amigos, um final de semana na praia, um beijo na boca, um encontro de corações, um desejo de afeto, um despencar de montanha-russa, uma noite em alguma casa noturna. Outras vezes, essa sombra pode estender tentáculos para o sempre. E, então, aqueles seres feitos de amor, aqueles a quem demos a vida, são enredados pelo acaso e partem para o nunca mais.
O que fica é a lembrança do vivido: os abraços e os beijos dados, a emoção partilhada, as palavras trocadas, o afeto desmedido.
Quando um filho parte para o outro lado, aquele lado que, muitas vezes, fingimos inexistir, a dor é de partir a alma, de arrebentar o coração.
Quando esse filho é ceifado no auge da vida, no topo da juventude, tantos sonhos ainda por construir, a dor torna-se punhal cravado para sempre bem no dentro do coração.
Quando esse mesmo filho preparou-se para uma festa, sorriu diante do espelho, escolheu sua melhor roupa e acreditou que saía ao encontro da diversão, da alegria, da vida, a dor vira ferida que não fechará jamais.
Penso nessas dores.
Penso nas dores paternas e maternas.
Penso nas dores. E elas são muitas. E se tornam uma só. A maior: a dor da ausência de quem foi sonho, de quem foi presença, de quem foi desejo de existir.
Ficam os pais, esses seres agora incompletos, rotos, tortos, repletos de vazio.
Penso nos pais e nas mães.
E, mergulhado no meu maior egoísmo, desejo jamais sentir tamanha dor.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Nós e os outros

Quem é o outro que nos olha, que convive conosco, que nos fala de si? A vida é um mapa em que, por vezes, os rumos não são claros e nem sempre aqueles que se apresentam como guias o são de fato. Nem sempre a palavra dita dá conta do interior do outro. Na maioria das vezes, o convívio com o altero é motivo de surpresa, de decepção. Afinal, máscaras usamos. Para cada situação, a mais apropriada, aquela que disfarce mais o que vai, realmente, pelo coração. Quem somos talvez saibamos. O que somos só a nós mesmos talvez seja possível o desvendamento. Já o outro: sempre uma incógnita.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Vai ao ar na próxima terça-feira, 20h, com reprise durante a semana e no próximo sábado, a entrevista que dei para o poeta Marlon de Almeida para o programa POESIA BLUES. Na companhia do amigo e escritor CHRISTIAN DAVI falei sobre meus livros, planos e a literatura em geral. O programa também apresenta a música de BUDDY GUY, um dos mestres do blues, em seu extraordinário disco SWEET TEA, de 2001.

Para ouvir o programa, basta sintonizar em www.radiofalandodeamor.com.br

As dores na noite

Ando pelas ruas de minhas cidade e meu olhar é sempre voo em busca de torres. Há sempre aquela que tanto me encanta por seu universo lendário: a Igreja das Dores. Na primeira semana de janeiro, supreendi-a à noite. E a aura de mistério me pareceu mais forte ainda: aquelas torres, forçando-se contra o céu escuro, para além dos prédios comuns

domingo, 13 de janeiro de 2013

Sobre o escrever 10

Um ponto final em um texto que vinha sendo pensado há mais de dois anos sempre é momento de despedida. Momento em que o autor deixa de conviver com as possibilidades que a história, os personagens oferecem, suscitam, provocam. O escritor, como o articulador de um jogo, vai buscando na razão e na emoção a destreza para dar a forma necessária para que a história narrada seja, de fato, aquela que foi pensada, estruturada, maturada. Pois ando em tempo de afastamento de meus personagens, momento em que eles começam a não serem mais apenas meus. Todavia, creio que não é momento de adeus, mas sim de permanência. Seres que, agora, serão parte de minha história, não mais eu apenas o mentor da deles. Quero ser partilha.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Paul Auster e seu oráculo

Iniciei o ano mergulhado em Paul Auster e seu "Noite do Oráculo".
Curto a literatura metaficcional. A trama engendrada por Auster, cria uma série de camadas de leitura e de escrita. Afinal, Sid, o protagnista, é um escritor recém-saído de uma crise que quase o vitimou. Após adquirir um caderno azul, numa pequena e estranha papelaria, ele retoma a vontade de escrever. E se a crise é literária, ela também é emocional. Sidney encontra-se numa encruzilhada em busca da compreensão do mundo que o cerca e, para isso, a ficção acaba, de certa forma, apresentando-se como possibilidade de entendimento. Escrever, nesse sentido, pode ser futurar.
No desvendar da palavra (e da vida), o protagonista problematiza as fronteiras tênues que separam invenção e real, além de reconstruir-se como ser de vontades, como pessoa que quer ser feliz. As respostas desimportam. As palavras, afinal, é que nos constroem, nos fazem.
Neste sentido, aquele que escreve tem o poder de vaticinar, de prospectar o amanhã, não apenas de memorizar o que passou. Escrever é tornar a vida possível. Assim, literatura e vida, palavra e existência se fundem num sentido existencial, essencial, necessário. Aquele que escreve torna-se deus, já que obra o futuro. É, pois, o próprio oráculo.