quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Pedido inusitado

Abaixo segue e-mail-convite-desafio que me foi enviado pelo amigo e escritor Vítor Diel. Achei a ideia por demais interessante e já fiquei querendo ver o resultado. Se alguém se habilitar a ajudá-lo, leia o texto que segue:

oi, caio! tudo bem?

cara, preciso da tua ajuda! tua e de muita gente!

tô escrevendo um novo livro de crônicas, o sucessor de "Granada", no qual, em um dos textos, faço uma análise bem humorada dos spams que recebo diariamente. mas tenho recebido sempre os mesmos e preciso de outros, diferentes e esquisitos. publiquei no meu blog o pedido abaixo. saca só: Quero o seu lixo: colabore com meu novo livro! Quer participar da produção do livro que estou escrevendo? É facinho! Basta encaminhar para vitor.diel@gmail.com spams com texto em inglês, quaisquer que eles sejam: aumento peniano, venda de produtos, correntes que solicitam depósito monetário — qualquer coisa, desde que seja em inglês e sem alteração no título ou no corpo da mensagem. Se o lixo eletrônico encaminhado for utilizado na obra, os contribuintes terão seus nomes mencionados em agradecimento.
E, ah!, quanto mais inusitado forem os spams, melhor! Pronto! Que comece o envio!
P.S.: É sério! é isso. se puderes dar uma força citando meu desespero no teu blog e encaminhando esta mensagem, seria o máximo! abração! até mais!

Vitor Diel
http://bumerangue.tumblr.com
http://twitter.com/vitordiel

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Caio Leitor 12: Alguns caminhos

Muito tenho lido, mas não como gostaria. Falta o tempo para aquela entrega necessária, a gente dentro do mundo urdido em palavras sem chamado de volta. Leitura sendo sempre interrupção acaba criando hiato entre o lido e o ainda por ler. Faz com que me sinta pouco participante daquele mundo no qual mergulhei. Além das leituras da Confraria Reinações: Meu pé de laranja lima, Isso não é um filme americano, O mistério das aranhas verdes, A ilha do tesouro, O jardim secreto, Foguinho, entre outros, pouco tenho lido. Cada mês, uma leitura que, por vezes, se revela boa surpresa, como ocorreu com A história sem fim, mergulho viceral no universo de Michel Ende, e com O gato malhado e a andorinha sinhá, do Jorge Amado, sensível fábula sobre o amor e a morte.
E no momento, me divido em três: Reparação, Crepúsculo e O menino do dedo verde. Este com maior necessidade de leitura, é o livro da Reinações de outubro.

Notas sobre Meu Pai...

Um diário escrito como um trabalho textual, proposto pela professora, é a tarefa que os alunos precisarão realizar em casa, até o fim do ano:
... Pode? Tá, ela disse que a intenção é a gente poder escrever todos os dias, nem que seja uma linha... Mas por que um diário? ... É uma oportunidade de vocês treinarem caligrafia...
A solução literária encontrada por Caio Riter para compor a forma de Meu Pai não Mora Mais Aqui demonstra a criatividade do autor. Diários não são mais novidades, como leitura para jovens ou adultos. Há muitos, mas concebido como tarefa escolar é novidade sim, e das boas.
O autor criou um espaço tempo de monólogo interior, onde dois protagonistas elaboram suas vivências emocionais, em uma linha de pensamento jovem, reflexiva, própria daqueles que estão descobrindo a vida. O vocabulário é peculiar. Cheio dos jargões da idade, quentes, emocionados.
Caio Riter tem um lindo estilo literário, fluente. Suas frases recheadas do modo de falar dos gaúchos nos trazem o sabor do sul. Aproxima os leitores pelas diferenças lingüísticas e pelos sentimentos iguais.
Os tipos criados ganham forma, ficam em pé, aparecem em carne e osso e nos dão a sensação de poder abraçá-los, tão vivos estão nas páginas, na profunda imersão no universo da adolescência.
O Sentido da ausência do pai de Tadeu - a personagem principal - é tão forte, quando ele sai de casa para viajar. Rodar pelas estradas do mundo para sustentar a família.
As visitas rápidas, nos fins de semana, a casa que se enche e se esvazia da figura masculina que passa e deixa saudades, frustrações, e o desenrolar de uma vida que não é aquela que se quer viver em companhia, pelo escasso tempo juntos, e insuficiente para saciar a fome de ternura.
Há também, a Letícia. Os dois vivem a mesma problemática da ausência paterna. Os motivos são diferentes, o e sofrimento de abandono, o mesmo. Essa dualidade, na trama, tão bem tecida, faz do livro uma leitura primorosa. Prende o leitor pela temática das incertezas, das dores do crescimento que fervem nas entranhas dos jovens, até que eles descobrem o amor.
O ciúme, as disputas iradas. Os hormônios falam, o corpo muda. É difícil aprender a ser homem e mulher. Conviver com as diferenças. As circunstâncias que não são as ideais, mas humanas.
Há o recolhimento. O clima de escrever sozinho e tocar no mais profundo de si mesmo. Um momento único e atemporal. Há perdas, algumas irreparáveis, definitivas. Há recuperação no reencontro com a harmonia de viver, quando os conflitos encontram um ponto de equilíbrio e a vida segue em busca da maturidade emocional.
Caio Riter é um autor que se renova a cada publicação. Premiado várias vezes, tem elaborado muito o seu oficio de escrever, e o faz cada vez melhor. Ele mesmo, assim como as personagens que retrata, em permanente processo de crescimento literário, o que salta aos meus olhos de leitora.
Ísis Valéria, membro da FNLIJ